O oitavo episódio de Nos Armários dos Vestiários, “O Boicote”, analisa as relações entre treinadores e jogadores para explicar a perpetuação do machismo e o boicote no futebol sofrido por diversos profissionais. Atletas, que desde a base são ensinados a calarem seus sentimentos e orientações, encontram no futebol profissional um tratamento mais hostil e viril

“Primeiro ficam pedindo jogador experiente. Aí quando vem, começam a criticar. O Fernando ‘sei lá o quê’, que o grupo está com ciúme. Homem com ciúme de homem, para mim, é viadagem. Não trabalho com homossexual, não tem viado aqui no meu grupo.”

Hélio dos Anjos, após a classificação do Goiás sobre o Atlético-MG na Sul-americana.

Inspirados pela lamentável declaração dada por Hélio dos Anjos em 2009, e ainda pelo desabafo histórico de um técnico do futebol brasileiro, Joanna de Assis e William de Lucca relembram em sua conversa outras manifestações dadas pelos “professores”. Um dos treinadores, que não será identificado, conversou com a apresentadora sobre o boicote sofrido em sua carreira profissional. Apesar dos títulos conquistados e mesmo tendo rodado um dos polos mais importantes do futebol brasileiro com passagens marcantes, sua carreira nunca decolou. Houve até mesmo um clube que nunca o contratou pela “fama de gay”.

Roger Machado, atual técnico do Grêmio, também participou desta conversa sobre a homofobia no dia a dia de um clube de futebol e apresentou uma impressão bastante interessante que contribui para o que é falado em outros episódios do podcast:

“A gente aprendeu desde muito cedo a suprimir os nossos sentimentos, a expressar apenas sentimentos que são relacionados à agressividade do jogo, aprender a suprimir a dor, a resiliência de lidar com as emoções, esconder os medos disso.”

“Boicote no futebol: silêncio no vestiário” é mais um episódio do podcast que reúne declarações marcantes e está mudando o cenário do futebol nacional. Ouça agora nas plataformas de streaming de áudio!

C’mon and feel!